terça-feira, 9 de agosto de 2011

Evoluindo seus itens junto com você


Itens. Aventureiros não conseguem ficar longe (e nem durar muito tempo) sem um monte de traquitanas. Desde uma simples armadura de couro ou adaga (quem nunca teve esses?) até o grimório do arquimago e espada destruidora de mundos. Mas agora pensem comigo, não seria mais legal se os itens evoluíssem assim como seu personagem?

Não meus amiguinhos felizes da árvore, não vou descrever um sistema numérico complicado explicando como fazer combos e como calcular XP para armas e armaduras, vocês sabem que não é minha praia ficar na parte mecânica da coisa. Falo dos itens dos personagens terem histórias próprias, de certa forma terem alma própria.

Para começar eu acho itens mágicos ou fantásticos muito mais legais quando eles tem uma boa história vinculada, pessoalmente detesto itens mágicos produzidos em série (isso foi uma das coisas que me fez não apreciar muito a 4ª edição de D&D). Acompanhem minha linha de pensamento, que charme teria o um anel de Tolkien se não tivesse uma história? Que graça teria excalibur se ela não fosse a espada na pedra destinada a ser possuída apenas pelo legítimo rei?

Mas o que geralmente acontece nas mesas é algo assim:
Mestre: Após uma difícil batalha vocês finalmente vencem e podem se apoderar do tesouro que agora é de vocês.
Ladino: Eu vou até o baú no fundo da sala, verifico se tem armadilhas e depois abro.
Mestre: Você não percebe nenhuma armadilha, dentro do báu além de vários objetos de ouro e prata há uma espada.
Guerreiro: Eu pego a espada e começo a examinar, ela tem algo de especial?
Mestre: Há inscrições na lâmina escritas na língua dos antigos, rola um teste de inteligência.
Guerreiro: *joga o d20, tira 19* Isso! O que eu descobri?
Mestre: Está escrito "língua de fogo" na arma, e ao ler essas palavras a lâmina fica vermelha e muito quente, coberta por pequenas chamas vermelhas. É uma espada flamejante.

Então o guerreiro todo feliz da vida sai da dungeon junto com o grupo para a cidade mais próxima. Chegando lá ele simplesmente vende a sua espada antiga por algumas moedas, a mesma espada que foi sua companheira de treinamento por anos a fio, que salvou a sua vida e de seus companheiros inúmeras vezes, que de certa forma foi sua melhor amiga durante boa parte de sua vida até aqule momento. Ele simplesmente vende por uns trocados um pedaço de si mesmo, pois um guerreiro desarmado é quase nada. Ele não sabe de onde veio a sua arma nova, mas ela machuca mais os oponentes então está tudo ótimo.

Entendem o quero dizer? O item sem história, que diz nada ao personagem e nem sobre ele é adotado enquanto que o antigo que poderia dar boas oportunidades de interpretaçõa evocando o passado do personagem ("eu e minha espada somos um, sofremos e lutamos juntos, perdemos e fomos vitoriosos juntos. E juntos iremos para a batalha final.") é simplesmente deixado de lado e some da crônica como se nunca tivesse existido. Perdoem esse chato aqui mas eu vejo isso como um desperdício de roleplay.

Antes que alguém pergunte eu não sou contra personagens poderosos, é legal ter superpoderes e sair por aí quebrando a fuça de quem aparece (não é a toa que rpgs de super heróis como mutantes & malfeitores e 3D&T fazem sucesso). O que eu não aprecio é certos sacrifícios de interpretação que são feitos até inconscientemente em nome da mecânica.

Então o que fazer cara? Ficar com aquela mísera espada comum quando eu tenho uma montante vorpal +5 a minha disposição? São perguntas bem razoáveis, e acredito que possa responder a elas. Faça os itens evoluírem junto com você. Vou usar um exemplo da minha mesa de RPG. Tordek Machado Quebrado era o último membro de um antigo clã anão, ele sonhava conquistar fama e glória como guerreiro e encontrar uma boa mulher para restabelecer o seu clã (sei que parece um pouco a história de um certo sasuke). Ele usava como arma o mesmo machado do fundador do clã, no entanto a magnífica arma estava quebrada e corroída pelo tempo; em termos de mecânica eu considerava como um machado grande comum. Após várias aventuras o grupo acabou salvando um mestre ferreiro anão, como agradecimento ele reforjou e consertou o machado de Tordek; a arma se tornou obra-prima. Algum tempo depois ele junto com o grupo foi parar no subterrâneo onde uma enorme força militar composta de orcs e trolls ameaçava os reinos anões. Após a primeira grande batalha Tordek fez uma jura sagrada em nome de Moradin e das almas daqueles que morreram ali que protegeria seu povo até sua última respiração, então os espíritos de vários de seus acestrais anões surgiram e concederam parte de seu poder transformando o machado em uma poderosa arma mágica.

Entendem o que quero dizer? Em vez de simplesmente achar armas e armaduras mágicas aleatórios em um baú acho muito mais interessante fazer de modo que os itens tenham seus poderes devido as suas histórias. Uma lança matadora de gigantes pode ter pertencido ao cavaleiro Cedric Dracomar que com ela matou o rei dos gigantes das montanhas cinzentas; um escudo da reflexão pode ter sido de Kaila Brakian que o usou para derrotar as irmãs górgonas feiticeiras. E eu sinceramente acho que um item fica muito mais legal ainda se a sua lenda for sendo construída junto com a do personagem.

Entendo que algumas pessoas podem achar contraditório eu dizer que não gosto de itens mágicos em cada esquina e depois ficar dando eles "de graça", mas há um pouco além. Eu como mestre poço fazer isso, mas também usando meus "poderes de mestre" faço com que o valor do upgrade mágico seja descontado do tesouro que o personagem recebe na aventura, assim a mecânica continua equilibrada e temos um acréscimo na história que pode enriquecer e muito nossas narrativas. Enfim se o item for importante para o personagem; seja arma, armadura, amuleto ou qualquer outra coisa é bem legal fazer ele evoluir junto com o personagem. Veja a espada de lâmina invertida do protagonista de samurai x que ilustra a abertura desse post por exemplo. Somente uma arma estranha para pessoas comuns, mas com uma imensa carga dramática para aqueles que conhecem sua história e a de seu dono o ex-retalhador Kenshin Himura.

2 comentários:

  1. A) Todas as edições de D&D usam o modelo 'armas mágicas criadas em série'. A única coisa que muda é se o pj é capaz de criar ou não. A&d tinha regra pra isso, 3e tem regra pra isso, 4e tem regra pra isso;
    B) A 3e tinha regras específicas pra evoluir arma com o personagem e elas funcionam bem. Era questão de dar uma olhada;
    C) A 4e trouxe regra de benção, dons e treinamentos. Essas regras permitem abandonar/diminuir itens mágicos e em vez disso, considerar que são os personagens que vão ganhando poderes que substituem os itens, como resultado das aventuras que viveram. Mais ou menos como Siegfried e outros heróis lendários. É uma outra opção também.

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  2. Ok amigo, relax. Foi só uma ideia que passou na minha cabeça. Além do que não sou exaamente uma enciclopédia do RPG, hehe. De qualquer jeito valeu pelo interesse de ler o post.

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